quarta-feira, 3 de julho de 2013

Capitulo 7 (parte 1) - " -Confias em mim?"

      Ainda estava meio tonta com tudo o que estava a acontecer, e pelo facto do Afonso estar na janela do meu quarto… A pedir para entrar… A meio da noite… Quando eu estava lavada em lágrimas…
       Abri-lhe a janela e desviei-me para o deixar entrar. Ele sentou-se na cama sem dizer uma palavra, mas voltou a levantar-se quando viu que eu estava a chorar.
       -Que se passa?
       -Que se passa?! A sério que me estás a perguntar isso? A sério que não consegues perceber o que está errado na minha vida?
       -Bem, não se pode dizer que seja “errado”…
       -Talvez não, mas até agora é tudo muito confuso!
       -Desculpa por te ter contado tudo, e por depois ter deixado fazerem-te o que fizeram… - Afonso chegou ao pé de mim e deu-me um abraço e quando viu que eu tinha ficado sem reação afastou-se, mas o simples facto de perceber que ele se preocupava comigo fez-me sentir um pouco melhor.
       -Não tiveste culpa, e mais tarde ou mais cedo eu ia ter de saber… O que é que faço agora?
       -O que é que nós fazemos! – O facto dele realçar a palavra “nós” fez-me sentir acompanhada. –Para começar acho melhor não dizer-mos nada ao Gabriel ou à Inês… E temos de perceber o que consegues fazer com esse colar…
       -Como assim fazer com esse colar?
       -Vê…
       Afonso aproximou-se lentamente dum dos muitos vasos de plantas que tinha no parapeito da janela. Depois de ficar a fixar a planta pelo que me pareceu ser uma eternidade, Afonso abriu a mão lentamente sobre ela, e levantou a mão ao mesmo tempo que a fechava, e uma bonita flor rebentou por entre a terra e as folhas verdes que já se encontravam no vaso. Fiquei boquiaberta, depois do que tudo aconteceu não sabia o que esperar mais, e apesar de me terem passado muitas coisas da cabeça, nunca tinha imaginado aquilo.
       -Oh meu deus!
       -Sim, é só umas das muitas coisas que conseguimos fazer… Quer dizer, não conseguimos fazer assim tantas coisas, ou coisas tão surpreendentes, mas pela tua cara, deves achar isto bastante surpreendente.
      -Desculpa, é só que… Como é que? Mas… Porque é que… ? – Tinha demasiadas perguntas a atropelarem-se na minha mente, então levantei-me e fui buscar uma vela.
       Entendi-lhe a vela com os olhos muito espantados, e não precisei de abrir a boca para que ele percebesse o que eu estava a dizer.
       -Se consigo fazer fogo? – Passou a mão por cima do pavio, fazendo com que com um estalido uma pequena chama fosse surgindo.
       Deixei cair a vela, que se apagou mesmo antes de chegar ao chão. Ele aproximou-se de mim com um olhar regila, como o de uma criança de 4 anos que está prestes a experimentar um gelado novo.
       -Anda comigo!
       -O que? Nem penses, não vou contigo a lado nenhum!
       -De certeza? Acho que não é seguro fazer vento dentro do teu quarto, mas…
       Olhei para ele incrédula, mas sem pensar duas vezes, ou melhor, sem pensar sequer uma vez, agarrei na sua mão estendida para mim e seguiu-o até à janela.
       -Afonso, porque é que estas com essa cara? Onde é que vamos? Ou melhor, como é que vamos?
       -Confias em mim?
       -Bem, consegues fazer crescer flores, e criar fogo, terei algum motivo para ter medo? – Estava novamente a falar mais para mim do que para ele, e, sem qualquer hesitação, pus-me às suas cavalitas e fechei os olhos com força. Se isto era um sonho, acho que não queria acordar. 

2 comentários:

  1. Fofura mesmo :D quero saber o que ele lhe vai mostrar :b

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  2. Lindo, estou a espera do proxima:)
    Estou a gostar muito :)
    Beijinho :)

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*SH