domingo, 16 de junho de 2013

Capitulo 5 - 3 meses depois

       *3 meses depois*
       "NÃÃÃO". Levantei-me sobressaltada atirando com o Ivan para o meio do chão (sim, eu tenho um peluche chamado Ivan). Rezei para que não tivesse gritado daquela vez... Os meus pesadelos estavam a tornar-se cada vez mais intensos, ou melhor, o meu pesadelo. Tinha-se repetido vezes sem conta nos últimos 3 meses. A minha mãe dizia que era porque estava numa escola nova, e não conhecia ninguém, mas eu acreditava que era mais que isso. 
       Era sempre o mesmo pesadelo (e nada tinha a ver com a escola). Um rapaz de joelhos, a olhar para mim com tanto ou mais medo do que o que eu sentia. Não lhe conseguia ver as feições, apenas os seus olhos, que era tão nítidos como se tivessem a meros centímetros dos meus. Depois um outro rapaz, mas este agarrava-me pelos ombros, e o olhar dele era tão terrivelmente assustador que não conseguia manter as pernas fortes, apenas me sentia a desfazer-me como uma daquelas pedras de areia que se desintegram quando são agarradas. Também esse rapaz tinha os olhos extremamente nítidos, mas era compreensível, visto que a sua cara se encontrava a meros centímetros da minha. Também não lhe conseguia ver as feições da cara. Havia também uma rapariga, junto ao primeiro rapaz. Os seus olhos diziam "desculpa", mas ao mesmo tempo acredito que ela sabia que o que estava a acontecer era inevitável, e de certa forma, o correto. Depois o rapaz que me agarrava olhava para mim, o rapaz de joelhos largava um grito rouco cheio de mágoa e desespero e eu acordava. Acordava com um vazio na mente, algo que me escapava e eu não conseguia perceber porque. Cada vez o sonho era mais nítido, cada vez o vazio era mais intenso.
       Levantei-me e fui tomar um banho a ver se passava a dor de cabeça, que devia ter sido uma mistura da minha falta de sono e dos pesadelos. Tenho de admitir que quase adormeci na banheira, mas passei-me com água fria e sai do duche. Desembaracei os cabelos ruivos, passei lápis nos olhos e corretor de olheiras para não preocupar a minha mãe, que por acaso já me tinha preparado as suas famosas tostas de mel com queijo (não julguem pelos ingredientes, as tostas são mesmo deliciosas)
       -Carolina, estás bem?
       -Claro mãe, porque não haveria de estar? -Tentei forçar um sorriso, sem muito sucesso, devo dizer.
       -Parece que dormiste mal... - Bingo mãe. - Tens a certeza que está tudo bem na escola?
       -Sim mãe, não te preocupes. - Fiz-lhe um sorriso, desta vez sincero, sabia bem alguém se preocupar comigo. Dei-lhe um beijinho na testa e sai.
       A minha primeira semana tinha sido horrível, e sinceramente não me consigo lembrar muito bem do que aconteceu... A minha mãe disse que deve ser o meu cérebro a tentar livrar-se das coisas más. Só sei que comi sozinha todos os dias, e que foi ai que os meus pesadelos começaram. Ultimamente tenho-me sentado ao pé duma rapariga chamada Anita. Apesar do nome fazer lembrar uma miúda de vestidinhos às flores, e cabelo loiro entrançado, ela é exactamente o oposto. Tem cabelo preto, escortanhado, que lhe dá um pouco abaixo dos ombros. Não é daquelas raparigas super góticas, que mais parecem fantasmas, mas não gosta de andar com roupas coloridas. Apesar do aspecto estranho e de dizerem que ela é lésbica, ela consegue ser boa pessoa, e debaixo do  batom vermelho, é bastante bonita. Não somos melhores amigas, mas é uma boa amiga. Provavelmente a única que tenho... Ou pelo menos a única que me consegue arrancar um sorriso sincero. Sentamo-nos juntas, visto que somos da mesma turma, e quando a hora de almoço dela não coincidia com a do namorado, ela almoçava comigo. Eu passava os intervalos sozinha, normalmente a ler ou a escrever, numa zona que muitos chamavam o "refugio". Eu podia perceber porque. Encontrava-se atrás das bancadas do campo, onde ninguém se metia na vida de ninguém e podíamos estar refugiados de quem não nos achava bem vindos na zona publica da escola. Lá havia de tudo, pessoas a comerem-se como se estivessem sozinhos, rapazes a construir robôs, raparigas a fazer olimpíadas da matemática... Enfim, de tudo um pouco, e o melhor de tudo é que ninguém te julgava por aquilo que eras ou deixavas de ser.
       A hora de almoço acabou e fui para a aula com a stora Miriam... Aquela mulher punha-me os pelos dos braços levantados só de olhar para mim!
       Estava na ultima fila, sentada ao lado da Anita, quando ela me passou discretamente um bilhete para cima do meu caderno. 
       "pq e q te deixas te de sentar ao lado ali do bonzão? :o". Ham? Será que tinha perdido o juízo de vez?
       "qual bonzão?". Passei-lhe de novo o papel...
       Ela leu e revirou os olhos e apontou para um rapaz na mesa ao lado da nossa. Acho que o rapaz se chamava Afonso, mas não tinha a certeza.
       "wtf?! eu nunca me sentei ao lado dele xD"
       "andas te a fumar o q? sentas te sim :o na 1ª semana.......".
       Olhei para ela e fiz um olhar confuso. Não me lembrava daquilo, e se bem a conheço ela é que tinha andado a fumar alguma coisa...
       "n me lembro de nd disso...."
       "hum estranho, podia jurar q sim"
       "pois, mas n...."
       Ela encolheu os ombros e continuamos a prestar atenção a arrepiante da Stora Miriam. Algo nela me parecia terrivelmente errado, mas agora também não era isso que me estava a ocupar a mente. A pseudo-conversa com a Anita tinha-me deixado novamente aquele vazio na mente. É verdade que não me lembrava de muita coisa daquela primeira semana, mas era possível ter-me sentado ao pé duma pessoa e nem me lembrar? Sentia a cabeça em papa.
       As aulas finalmente acabaram e eu voltei para casa. Não conseguia parar de pensar naquilo, e aposto que já tinha lido mais de cem vezes o papel... O que é que se estava a passar? Sabia que algo estava errado, mas não conseguia perceber porque, nem o que, e isso estava-me a deixar extremamente impaciente e confusa. Como estava exausta decidi ir deitar-me, e como era de esperar, os pesadelos voltaram...
       

8 comentários:

  1. Gostei, estou a espera do próximo.
    Beijinho

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  2. Eu gostei muito, mas esta tudo contra nos, o meu irmao nao quer que eu falle com ele :( diz que nao gosta dele,nao sei pk, mas eu nunca vou deixar de falar para ele. que dizes?

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  3. Gostei imenso, mais uma vez ;)

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    1. Obrigada :D os teus comentários são muito importantes :D

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  4. Adorei, continua :)
    r: tens razão!
    Obrigada minha querida :)

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  5. Eu quero tanto o próximo O:

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  6. O meu irmao diz que nao gosta dele porque nao vai com a cara dele, parece um puto de 10 anos a fazer birra para nao falar com uma pessoa... O P* e mesmo fofo comigo, acho que ele era incapaz de me fazer alguma coisa que seja, e por causa dele, o meu irmao nao fala para mim, mas fala para ele, coisa que nao entendo...Eeu nao estou a fazer nada de mal, mas a pessoas que nao entendem isso...
    Gostava que o meu irmao percebesse que eu ando contente, que ando sempre com um sorriso parvo na cara, mas as vezes talvez nao queira que eu ande contente, que e para me atacar em todos os meus pontos mais fracos..
    O meu irmao e muito protetor, mas nao percebo pk ele tambem nao fez isto com outro amigo dele, com o outro ele ate reagiu bem e tal, e com este é assim, nao percebo mesmo :(

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  7. R: O pior é sentir mesmo que só eu estou "a puxar a corda", mas quando se gosta é dificil mesmo, não é verdade?

    E sim o Ian Somerhalder é mesmo lindo ahah

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*SH