terça-feira, 16 de abril de 2013

Capitulo 2 - "A voz dele ecoou no meu pensamento"

       A professora entrou na sala como uma flecha que corta agilmente o ar. Atravessou toda a sala até estar na ponta do quadro, e com letra firme escreveu "Professoa Miriam". Assim que ela se virou todos os rapazes lançaram suspiros de admiração, e, verdade seja dita, não era para menos. Depois toda a turma caiu em silêncio. Uns olhavam discretamente para ela, outros limitavam-se a não olhar, outros olhavam em redor para perceberem se tinham sido os únicos a reparar no estranho clima que entrou na sala, de mãos dadas com a professora Miriam.
       Ela era jovem. Bastante jovem. Bastante jovem para ser professora. Bastante jovem para aquele olhar pesado. Tinha cabelo curto, loiro, olhos azuis delineados com lápis preto, e lábios incrivelmente perfeitos.... Tal como toda ela. Demasiado perfeita, demasiado nova, demasiado tudo para ser professora. Ou melhor, demasiado tudo para ser uma professora normal... Algo estava errado com ela, sentia-o.
       -Então, vamos começar a aula?
       todos abriram os livros e incrivelmente não reclamaram por ser o primeiro dia de aulas e já estarmos a dar matéria... Provavelmente era daquele olhar assustador e autoritáriamente inquestionável.
       -Bem, bela primeira impressão. - Dei um pequeno salto na cadeira e levei a mão ao coração - Desculpa, não te queria assustar...
       Levantou um dos cantos da boca e os olhos sorriam mais que os lábios. Revirei os olhos mas não consegui conter um sorriso discreto (ou assim esperava que fosse).
       -Sabes quem ela é? Parece ser... Simpática. - Esbocei o meu melhor tom irónico.
       -Não, sou novo aqui... Tu também certo?
       -Sim, mas como sabias?
       -Se eu te dissesse, teria de te matar. - Olhou para mim com um ar sério e concentrado, como se me tivesse a tentar ler o pensamento, e por momentos quase que acreditei que ele conseguisse. Depois sorriu e começou a prestar atenção à aula.
       Qualquer coisa bateu-me no braço. Quando olhei para o chão vi um papelinho amachucado e apanhei-o. "Então, estas a sobreviver?". Olhei na direção de onde tinha vindo o papel e vi a Inês com um sorriso de orelha a orelha. Ao contrário de mim, ela parecia estar animada. O rapaz ao lado dela olhou para mim com ar desconfiado, como se eu lhe tivesse feito alguma coisa, ou, de alguma maneira, representasse um grande perigo, e de seguida meteu-se à frente de Inês de modo a que ela não me conseguisse ver, e disse algo que a fez olhar para mim e pedir-me desculpa com os olhos, mesmo antes de os baixar para ficar a encarar as mãos. O rapaz olhou novamente para mim, e depois voltou a prestar atenção à aula.
       Algo se passava, e eu precisava desesperadamente de descobrir o que era. Porque e que ele tinha agudo daquela maneira? Não que eu lhe tivesse feito nada de mal, certo!
       -Não ligues...- Fez uma pausa e eu percebi que ele estava à espera que eu lhe dissesse o meu nome.
       -Se eu te dissesse, teria de te matar. - Esbocei um sorriso matreiro. 
       -Touché - Deixou soltar uma pequena gargalhada e estendeu a mão. - Afonso.
       Hesitei por momentos, mas acabei por apertar-lhe a mão.
       -Carolina. 

*****

     Finalmente saímos daquela estranha aula. Para ser sincera não faço a mínima ideia do que foi dito, mas sinceramente nada me parecia certo com essa tal Professora Miriam, e, sinceramente, sou bastante curiosa para simplesmente ignorar os meus instintos.
      Entrei no refeitório, servi-me e olhei em redor, já com o tabuleiro na mão. Todas as mesas estavam ocupadas, por isso teria de me sentar com alguém... Ou isso ou esperar que alguém se levantasse, mas parecia-me uma opção remota, visto que estava com um tabuleiro cheia de comida e uma mochila pesadíssima... Já para não falar na sensação de que todos estavam a olhar para a miúda nova.
       Vi o Afonso gesticular e lançar o seu típico sorriso apenas com um canto da boca levantado. Bem, teria de me sentar algum dia, certo? Fui devagarinho até à mesa deles, com noção do meu ar de perdida. Reparei que a Inês continuava com o olhar baixo, nas mãos, enquanto o loiro que estava ao lado dela na aula me olhava de lado.
       -Bem pessoal, esta é a Carolina! Aparentemente vou passar bastantes horas do meu dia ao lado dela.
       -Por vontade de quem Afonso? - Bem, o loiro realmente odiava-me!
       -Não ligues ao Gabriel! Já agora Carolina, este é o Gabriel. Ele hoje está só rabugento!
     -Apoiado! Senta-te aqui! - A Inês tirou as malas do lugar ao lado dela, e fez-me sinal para que me sentasse. E voltou a meter aquele sorriso tão típico dela.
     O ambiente ficou pesado, apesar da Inês e do Afonso irem conversando. Tentei concentrar-me no comer, mas sentia o olhar do Gabriel pousado em mim.
        -Gabriel? - Inês estava com um olhar desesperado, e mal se mexia.
       -Estás bem Inês? - Aproximei-me dela e pousei-lhe um braço no ombro. Senti um pequeno choque eléctrico desde a minha mão até à ponta dos pés, e afastei-me instintivamente.
       -Afonso, o que é que eu faço? - Gabriel olhava para ela com um olhar desesperado, claramente sem saber o que fazer. Naquele momento vi uma versão do Gabriel que não sabia existir. O seu olhar preocupado fez-me perceber que ele amava a Inês, e talvez por isso que não gostava que eu me desse com ela... Mas porque? Não é como se uma rapariga de 1,62m e 49kg representasse uma grande ameaça, certo?
       -Ele está a vir ai! - Inês falou com uma voz rouca, que me provocou um arrepio  Olhei para o Afonso, à procura de respostas, mas ele parecia ainda mais aterrorizado que ela, o que não me deixou mais confiante.
       -Gabriel, leva a Inês para um lugar seguro! Eu trato do resto! - Apesar de sussurrarem, o que eles diziam ecoava como gritos na minha cabeça.
       -E consegues safar-te com ela sozinho? E que tens de proteger dois...
       -Não te preocupes conosco, preocupa-te com vocês.
       Ele acenou afirmativamente com confiança, agarrou a Inês por um braço e praticamente arrastou-a para fora do refeitório.
       -Segue-me, vais ficar bem, prometo. - Ele olhava para todos os lados, enquanto me puxava pelo pulso para fora do refeitório, mas pela porta que vai das às traseiras da escola.
       -Mas onde vamos? - Senti-a os olhos esbugalhados, e se aquilo era uma brincadeira, não estava a ter piada nenhuma!
       Ele agarrou.me na cara e olhou-me com o olhar mais sincero que alguma vez tinha visto. "para um sitio seguro"... A voz dele ecoou no meu pensamento... Não podia ser... Podia?

10 comentários:

  1. woow que lindo *-* e perfeito. e sei lá :o estou tão curiosa meu deus :o

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  2. Ainda bem que ela se começou a dar com os colegas...
    O gabriel talvez tenha aquela reaçaõ por ser protetor...
    Gostei muito estou a espera do proximo :)
    beijinho

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    1. Ainda bem que sim :D ah, sim, ele no fundo e boa pessoa :P
      beijinhos!!

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    2. Para ser protetor tambem acho que sim :)

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  3. Sim eu confio mesmo muito dele, eu nao sou muito de falar mas com ele sei que e diferente, ele sabe de tudo mesmo tudo de mim... Mas as vezes sinto que estou a ser muito chata... Ele bem diz que nao mas nao ha nada que me tire isso da cabeça :S
    Beijinho

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  4. estou viciada nisto, põe o próximo o mais rápido que conseguires :o

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  5. r: é sempre a mesma desculpa xD tens uma sorte... :b claro que sim, ahaahah, benfica, SEMPRE xD

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  6. Olha li por acaso e gostei :O
    Estou aqui à espera do próximo.
    Beijinhos

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    1. Pena estares em anónimo, mas ainda bem que gostas te :D é muito importante para mim!
      Beijinhos!!!

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  7. uau tou curiosa para saber o que vai suceder.
    toucom um pressentimento que o Gabriel não quer q a Carolina "entra" no seu mundo ,porque vai descobrir algum segredo. ou isso é so da minha cabeça?

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*SH