Capitulo 2 - "A voz dele ecoou no meu pensamento"

       A professora entrou na sala como uma flecha que corta agilmente o ar. Atravessou toda a sala até estar na ponta do quadro, e com letra firme escreveu "Professoa Miriam". Assim que ela se virou todos os rapazes lançaram suspiros de admiração, e, verdade seja dita, não era para menos. Depois toda a turma caiu em silêncio. Uns olhavam discretamente para ela, outros limitavam-se a não olhar, outros olhavam em redor para perceberem se tinham sido os únicos a reparar no estranho clima que entrou na sala, de mãos dadas com a professora Miriam.

       Ela era jovem. Bastante jovem. Bastante jovem para ser professora. Bastante jovem para aquele olhar pesado. Tinha cabelo curto, loiro, olhos azuis delineados com lápis preto, e lábios incrivelmente perfeitos.... Tal como toda ela. Demasiado perfeita, demasiado nova, demasiado tudo para ser professora. Ou melhor, demasiado tudo para ser uma professora normal... Algo estava errado com ela, sentia-o.

       -Então, vamos começar a aula?

       todos abriram os livros e incrivelmente não reclamaram por ser o primeiro dia de aulas e já estarmos a dar matéria... Provavelmente era daquele olhar assustador e autoritáriamente inquestionável.

       -Bem, bela primeira impressão. - Dei um pequeno salto na cadeira e levei a mão ao coração - Desculpa, não te queria assustar...

       Levantou um dos cantos da boca e os olhos sorriam mais que os lábios. Revirei os olhos mas não consegui conter um sorriso discreto (ou assim esperava que fosse).

       -Sabes quem ela é? Parece ser... Simpática. - Esbocei o meu melhor tom irónico.

       -Não, sou novo aqui... Tu também certo?

       -Sim, mas como sabias?

       -Se eu te dissesse, teria de te matar. - Olhou para mim com um ar sério e concentrado, como se me tivesse a tentar ler o pensamento, e por momentos quase que acreditei que ele conseguisse. Depois sorriu e começou a prestar atenção à aula.

       Qualquer coisa bateu-me no braço. Quando olhei para o chão vi um papelinho amachucado e apanhei-o. "Então, estas a sobreviver?". Olhei na direção de onde tinha vindo o papel e vi a Inês com um sorriso de orelha a orelha. Ao contrário de mim, ela parecia estar animada. O rapaz ao lado dela olhou para mim com ar desconfiado, como se eu lhe tivesse feito alguma coisa, ou, de alguma maneira, representasse um grande perigo, e de seguida meteu-se à frente de Inês de modo a que ela não me conseguisse ver, e disse algo que a fez olhar para mim e pedir-me desculpa com os olhos, mesmo antes de os baixar para ficar a encarar as mãos. O rapaz olhou novamente para mim, e depois voltou a prestar atenção à aula.

       Algo se passava, e eu precisava desesperadamente de descobrir o que era. Porque e que ele tinha agudo daquela maneira? Não que eu lhe tivesse feito nada de mal, certo!

       -Não ligues...- Fez uma pausa e eu percebi que ele estava à espera que eu lhe dissesse o meu nome.

       -Se eu te dissesse, teria de te matar. - Esbocei um sorriso matreiro. 

       -Touché - Deixou soltar uma pequena gargalhada e estendeu a mão. - Afonso.

       Hesitei por momentos, mas acabei por apertar-lhe a mão.

       -Carolina. 

*****

     Finalmente saímos daquela estranha aula. Para ser sincera não faço a mínima ideia do que foi dito, mas sinceramente nada me parecia certo com essa tal Professora Miriam, e, sinceramente, sou bastante curiosa para simplesmente ignorar os meus instintos.

      Entrei no refeitório, servi-me e olhei em redor, já com o tabuleiro na mão. Todas as mesas estavam ocupadas, por isso teria de me sentar com alguém... Ou isso ou esperar que alguém se levantasse, mas parecia-me uma opção remota, visto que estava com um tabuleiro cheia de comida e uma mochila pesadíssima... Já para não falar na sensação de que todos estavam a olhar para a miúda nova.

       Vi o Afonso gesticular e lançar o seu típico sorriso apenas com um canto da boca levantado. Bem, teria de me sentar algum dia, certo? Fui devagarinho até à mesa deles, com noção do meu ar de perdida. Reparei que a Inês continuava com o olhar baixo, nas mãos, enquanto o loiro que estava ao lado dela na aula me olhava de lado.

       -Bem pessoal, esta é a Carolina! Aparentemente vou passar bastantes horas do meu dia ao lado dela.

       -Por vontade de quem Afonso? - Bem, o loiro realmente odiava-me!

       -Não ligues ao Gabriel! Já agora Carolina, este é o Gabriel. Ele hoje está só rabugento!

     -Apoiado! Senta-te aqui! - A Inês tirou as malas do lugar ao lado dela, e fez-me sinal para que me sentasse. E voltou a meter aquele sorriso tão típico dela.

     O ambiente ficou pesado, apesar da Inês e do Afonso irem conversando. Tentei concentrar-me no comer, mas sentia o olhar do Gabriel pousado em mim.

        -Gabriel? - Inês estava com um olhar desesperado, e mal se mexia.

       -Estás bem Inês? - Aproximei-me dela e pousei-lhe um braço no ombro. Senti um pequeno choque eléctrico desde a minha mão até à ponta dos pés, e afastei-me instintivamente.

       -Afonso, o que é que eu faço? - Gabriel olhava para ela com um olhar desesperado, claramente sem saber o que fazer. Naquele momento vi uma versão do Gabriel que não sabia existir. O seu olhar preocupado fez-me perceber que ele amava a Inês, e talvez por isso que não gostava que eu me desse com ela... Mas porque? Não é como se uma rapariga de 1,62m e 49kg representasse uma grande ameaça, certo?

       -Ele está a vir ai! - Inês falou com uma voz rouca, que me provocou um arrepio  Olhei para o Afonso, à procura de respostas, mas ele parecia ainda mais aterrorizado que ela, o que não me deixou mais confiante.

       -Gabriel, leva a Inês para um lugar seguro! Eu trato do resto! - Apesar de sussurrarem, o que eles diziam ecoava como gritos na minha cabeça.

       -E consegues safar-te com ela sozinho? E que tens de proteger dois...

       -Não te preocupes conosco, preocupa-te com vocês.

       Ele acenou afirmativamente com confiança, agarrou a Inês por um braço e praticamente arrastou-a para fora do refeitório.

       -Segue-me, vais ficar bem, prometo. - Ele olhava para todos os lados, enquanto me puxava pelo pulso para fora do refeitório, mas pela porta que vai das às traseiras da escola.

       -Mas onde vamos? - Senti-a os olhos esbugalhados, e se aquilo era uma brincadeira, não estava a ter piada nenhuma!

       Ele agarrou.me na cara e olhou-me com o olhar mais sincero que alguma vez tinha visto. "para um sitio seguro"... A voz dele ecoou no meu pensamento... Não podia ser... Podia?

Capitulo 1 - "Pronta para mais um ano... "

       *I remember years ago, someone told me I should take, caution when it comes to love, I did, I did...*

       Demorei algum tempo a tentar reconhecer a música... E o facto dela estar a tocar às... Olhei para o despertador... Aquilo não podia ser um 7, ou podia?

       Ah, bolas! Era o primeiro dia de aulas! Tinha-me passado completamente ao lado... Não queria voltar para as aulas, os trabalhos, tudo monótono, os fins de semanas cheios de trabalho, o inverno!

       Apesar de serem 7h da manhã, já entrava sol pela minha janela, que nunca se fechava, visto que a portada estava estragada. 

       Estiquei-me até os meus pés tocarem a borda da cama, e esfreguei os olhos durante uma eternidade, até os conseguir manter minimamente abertos. Com dificuldade tirei as duas pernas da cama, e entretanto já tinham passado uns dez minutos. Excelente, chegar atrasada no primeiro dia de aulas!

       Tomei banho o mais rápido que pude, engoli os cereais praticamente inteiros, lavei os dentes, dei um beijo na cara da minha mãe, o abraço ao meu pai, e uma chapadinha simpática ao meu irmão, e sai porta fora, com esperança de ainda não ter perdido o autocarro.

       Cheguei à paragem e poucos minutos depois chegou o meu autocarro. Sentei-me num dos lugares da frente, como fazia sempre, porque normalmente era onde iam as senhoras idosas, e assim não tinha adolescentes com as hormonas aos saltos à minha volta, e podia ouvir a minha musica, no máximo de silêncio que se consegue ter num autocarro (que não é muito, para que conste)

       E, por fim, escola. Aquela nova escola, que para ser sincera, não gostava de conhecer. Sim, porque eu ia ser a miúda nova, no 11º ano, que normalmente toda a gente do 11º já se conhece do 10º, e eu, vou ser a intrusa! Ainda por cima não estava propriamente com tempo para me perder a procurar salas, por isso ganhei força e perguntei à rapariga mais inocente que me apareceu à frente.

       -Olá - esbocei o meu sorriso mais simpático. - Por acaso sabes dizer-me onde é a sala A13? É que sou nova cá na escola, e ainda não me consigo orientar muito bem...

       -A13? Eu sou da tua turma! - Esboçou um sorriso bastante mais entusiasmado que o meu. Agarrou-me no pulso e começamos a furar a multidão.

       Pelo que ouvi, chamava-se Inês, mas como ainda estava meio a dormir, e estávamos no meio da multidão, não tenho a certeza se tinha percebido bem. Tinha cabelo castanho, comprido e liso, lábios carnudos e olhos azulados. Agora que olhava para ela, era bastante bonita!

       Quando entramos na sala já estavam todos la dentro, mas felizmente ainda ninguém estava sentado. Sentei-me na única mesa vazia que havia, e quando me sentei reparei que a Inês se tinha sentado ao pé de um rapaz, do outro canto da sala! A sério que ela me tinha abandonado?! Bem, devo admitir que o rapaz ao lado dela era bastante mais atraente que eu... Pronto, ela estava desculpada...

       Um rapaz com cara de mulherengo arrastou a cadeira ao meu lado, e praticamente me despiu com o olhar, enquanto os amiguinhos dele mandavam bocas e sorrisos suspeitos do outro lado da sala. Cheirou-me que se tratava de alguma aposta, ou então eram mesmo parvos por natureza...

       -Oi princesa, esta cadeira está ocupada?

       -Ham.... n.... - Ia começar a falar quando uma mão forte pousou no meu ombro.

       -Por acaso até está, mas tenho a certeza de que na outra ponta da sala há mesas livres.

       Olhei para trás e vi-o.... Era alto, moreno, com o cabelo ligeiramente despenteado, e uns olhos que sorriam... Mas o olhar dele era tão profundo que.... Simplesmente não sabia como descreve-lo, e ele nem sequer estava a olhar para mim! Apesar de manter um leve sorriso nos lábios, tinha o maxilar contraído, e um olhar ameaçador. O engraçadinho apenas virou costas, sem dizer uma única palavra. E ele finalmente olhou para mim. Os olhos azuis fizeram-me viajar no tempo. Mergulhei neles e por momentos esqueci-me que estava na sala de aula, e apenas havia ele. Ele com aquele sorriso descontraído e ombros largos a sentar-se ao meu lado. 

       -Então, pronta para mais um ano? - Abriu o sorriso, como se aquela fosse a pergunta mais normal do mundo, e aquele tivesse sido o momento mais normal de um regresso às aulas....

       Será que só eu é que tinha dado conta? Não sabia o que tinha acontecido, mas para primeiro dia de aulas, já tinham acontecido mais coisas que durante as minhas férias todas. Será que este ano ia ser diferente, será que ele ia mudar alguma coisa? Perguntas às quais não tinha resposta.

       -Pronta para mais um ano... - Sussurrei mais para mim do que para ele.

Sinopse!

Carolina sempre teve uma vida como todos os outros a seu redor, mas , enquanto a normalidade reina na sua vida, saberá ela o que se começa a passar em seu redor? Uma grande batalha está prestes a começar, irá ameaçar a sua paz e ela será a única capaz de a recuperar. Nessa mesma batalha Carolina terá de escolher entre o bem e o mal, o amor e o ódio, a luz e a escuridão, mas como saberá ela o que está certo e o que está errado, se o mundo à sua volta não é mais o que ela conhecia? keep your heart strong é uma história cheia de ação, mistério, dúvidas, riscos, e claro, romance. Cada personagem vai ser confrontada com desafios que irão por à prova as suas próprias crenças, irão levá-los a escolher entre salvarem-se a eles próprios ou lutar pelo bem comum. 

Uma arriscada aventura que irá decidir o futuro da vida como conhecemos, uma aventura onde apenas um lado poderá sair vencedor. Irá o bem vencer? Ou será que desta vez os sentimentos de amor e compaixão vão levar as trevas à vitória? 

Uma emocionante jornada onde o bem vai andar de mãos dadas com as dúvidas e fraquezas que o amor pode trazer, mas será essa fraqueza suficientemente intensa para dar a volta por cima, e vencer aquela que parece ser uma batalha impossível?

Com uma linha trémula a separar o bem do mal, apenas uma pessoa poderá decidir o rumo que tudo vai tomar, mas estará ela preparada para todos os desafios, duvidas, traições, e sentimentos que a vão acompanhar e por à prova até ao ultimo capitulo?

Personagens :)

Carolina:

Afonso:

Inês:

Gabriel:

Duarte:

Miriam:

Bem, e estas são as personagens principais da minha história :D espero que estejam curiosos! Deixem a vossa opinião nos comentários :)
Beijinhos!!
*SH

Olá Olá!!

Bem, olá pessoas da blogosfera :)
Criei este blog para escrever uma história, que estou a fazer, vou publicar já um pequeno resumo, ou introdução, e também as personagens principais :)
Agradeço que vão dando sugestões, para melhorar tudo o que puder, e claro, dêm a vossa opinião sobre o blog e tudo o resto :)
Espero que gostem do meu novo cantinho :D
Beijinhos e obrigada!!
*SH